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Quatro pessoas já morreram atropeladas este ano em Santa Maria

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Atravessar ruas e avenidas da cidade nem sempre é tarefa fácil e segura, mesmo nas faixas. Faltam semáforos para pedestres, como na Presidente Vargas com Serafim Valandro

Nos últimos dois meses, quatro pessoas morreram atropeladas em ruas e rodovias de Santa Maria. Em três casos, as vítimas foram atingidas por veículos nos locais onde acreditavam ser os mais seguros para atravessar: em faixas de segurança. O quarto caso aconteceu na Faixa Nova de Camobi, à noite, em local pouco iluminado e de pista duplicada.

Esses acidentes acendem o alerta sobre a segurança dos pedestres para atravessar as vias cada vez mais movimentadas do município, tanto na zona urbana quanto em rodovias. O problema se torna mais grave porque mostra, em muitos casos, a ineficácia das faixas de segurança.

Especialista em trânsito, o professor universitário Carlos Félix alerta para o perigo que os pedestres correm diariamente, principalmente em função da retomada do movimento de veículos depois de um longo período de isolamento social. Segundo ele, no início da pandemia, ouve uma redução grande de veículos nas ruas. Isso deu mais liberdade a quem circulava a pé.

- Daí, quem estava nas ruas se achou no direito de andar muito mais rápido. Talvez seja um dos pontos sérios. De repente o motorista estava acostumado a andar nos seus trechos sem ter veículos e sem ter pessoas, e as pessoas estavam acostumadas a andar nos seus trechos viários sem ter veículos, e agora eles estão se encontrando - observa.

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O perfil das vítimas revela que a idade não é um fator preponderante para explicar os acidentes. Não são apenas idosos os mais vulneráveis, como apontam as estatísticas. Dos quatro pedestres que morreram, um tinha 18 anos e, o outro, 32 anos. Os demais tinham 74 e 86 anos.

Félix afirma que os acidentes de trânsito são um grave problema de saúde pública, mas geralmente são negligenciados pelo poder público. Por isso, requerem cada vez mais esforços para sua prevenção.

RESPEITO
Félix foi um dos consultores técnicos da campanha "Viva a Faixa!", lançada em 2011 pelo Diário para buscar a conscientização de motoristas e pedestres do respeito às faixas de segurança em Santa Maria.

- E parece que não está sendo respeitado pelo pedestre nem pelo motorista. E isso é essencial, o respeito - aponta.

Em 2020, Santa Maria registrou seis atropelamentos com morte, número 56% menor do que em 2019, quando houve nove vítimas fatais.

Em relação a feridos em atropelamentos, os primeiros cinco meses de 2021 contabilizam pelo menos oito casos. Em 2020, foram 65, enquanto em 2019 o número chegou a 118. *Colaborou Laíz Lacerda

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OS ATROPELAMENTOS EM 2021 EM SANTA MARIA
FEVEREIRO

  • No dia 1º, uma jovem de 25 anos ficou ferida ao ser atropelada na RSC-287, próximo à Estação Rodoviária de Camobi. De acordo com o Batalhão Rodoviário da Brigada Militar, a vítima foi atropelada por um Gol que era conduzido por um idoso de 70 anos, que fugiu do local. Após buscas o motorista foi encontrado, teve o teste do bafômetro com resultado positivo para ingestão de álcool
  • No dia 5, uma pessoa foi atropelada e ficou ferida, entre as ruas Visconde de Pelotas e Andradas. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a vítima foi atingida por uma motocicleta

MARÇO

  • Na noite de 31 de março, Carlos Alberto Orquiz Sezar, 48 anos, morreu atropelado na RSC-287, na Faixa Nova de Camobi. O motorista do carro que atingiu o pedestre fugiu após o acidente. Sezar foi atingido quando tentava atravessar a rodovia em local escuro e fora da faixa de segurança

MAIO

  • No dia 3, Ricardo Mattana do Amaral, 32 anos, morreu atropelado enquanto atravessava a BR-287, no Bairro Juscelino Kubitscheck. Segundo testemunhas, a vítima retornava da padaria quando o motorista de um Citroën Picasso acabou atropelando Amaral, que estava sobre a faixa de segurança
  • Na manhã do dia 7, um idoso de 67 anos foi atropelado na Rua Radialista Osvaldo Nobre. A vítima, que teve ferimentos na perna direita, estaria atravessando na faixa de segurança. O motorista, de 51 anos, disse que o sol prejudicou a visão
  • No dia 8, um sábado, Maria Eduarda Brandão Monteiro, 18 anos, morreu atropelada na Avenida Hélvio Basso, no Bairro Duque de Caxias. A jovem estaria saindo do trabalho quando foi atingida por carro enquanto atravessava em uma faixa de segurança que havia sido pintada horas antes na esquina da Rua Carlos Uhr. O local deveria ter uma sinaleira para pedestres, mas o equipamento não havia sido instalado
  • No dia 10, uma mulher de 57 anos foi atropelada por um ônibus, no começo da noite, na Rua Radialista Osvaldo Nobre, no Bairro Juscelino Kubitschek. A vítima ficou com o braço direito preso embaixo da roda dianteira do veículo. Ela foi resgatada com ferimentos
  • No dia 13, um homem de 54 anos foi atropelado na ERS-509, na Faixa Velha. A vítima atravessava na faixa de segurança, quando foi atingido por um Celta
  • Na manhã do dia 27, avó e neto foram atropelados na Rua Bento Gonçalves, no Bairro Dores, enquanto tentavam atravessar a rua sobre a faixa de segurança. O motorista prestou socorro às vítimas, que sofreram ferimentos leves. Já à noite, uma idosa ficou ferida ao ser atropelada por um ônibus na Rua do Acampamento
  • No dia 28, Maria Luiza Righi Machado, 86 anos, foi atropelada por um caminhão enquanto atravessa em uma faixa de segurança da ERS-509, na Faixa Velha. Ela ficou três dias internada na UTI do Hospital Universitário de Santa Maria (Husm), e acabou falecendo três dias depois. O local do acidente tem uma lombada eletrônica. O caminhoneiro, de 47 anos, prestou socorro à vítima

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Poucas são as faixas elevadas para pedestres como esta na Avenida Ângelo Bolson

FAIXAS NOVAS, MAS SINALIZAÇÃO INSUFICIENTE
Para analisar o cenário de atropelamentos dos últimos meses, a reportagem do Bei percorreu 8,4 quilômetros de seis avenidas da cidade que foram asfaltadas recentemente para verificar as condições das faixas de segurança. Nessa tarefa, feita no final de maio, contabilizou-se 40 faixas de pedestres. Algumas delas já apresentam desgaste.

A reportagem percorreu as avenidas Hélvio Basso, Walter Jobim, Presidente Vargas, Dores. Ângelo Bolson e João Luiz Pozzobon. Em alguns casos, há cruzamentos para pedestres bem-sinalizadas com listras brancas pintadas no asfalto, avisando com antecedência de que à frente há um local para a travessia de pessoas. Algumas são elevadas, o que obriga o motorista a reduzir a velocidade. Em alguns casos, faltam placas horizontais ou pintura na pista para alertar os motoristas.

MANUTENÇÃO É PERMANENTE, DIZ PREFEITURA
Segundo a prefeitura, há mais de dois anos, funcionários da Secretaria de Mobilidade Urbana trabalham de maneira intensa para revitalizar a sinalização horizontal e vertical das ruas e avenidas. Já em relação à qualidade de iluminação, o município possui um canal de comunicação em que os pedidos para execução de serviços de infraestrutura na cidade sob a responsabilidade da prefeitura podem ser solicitados pelo telefone (55) 3223-1616, de segunda a sexta-feira, das 7h30min ao meio-dia.

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